Cena 1 - P.A. era um promissor jogador de futebol. Aos 18 anos assinou seu primeiro contrato em "time grande". com o primeiro salário deu entrada no carro dos seus sonhos. meses depois, melancólico, p.a. arrepende-se de ter saído da balada mostrando que ele era bom também no volante. várias fraturas encerraram a promissora carreira...
Cena 2 - E.P. estava no topo da sua carreira. Com várias lojas e uma importadora, ele administrava tudo com muita competência, era respeitado por todos e já recebera vários prêmios de excelência. A paraplegia definitiva não estava prevista na vida daquele vencedor. Uma bebedeira em churrasco com amigos em noite chuvosa, autoconfiança e velocidade em excesso, um impacto surdo e a lesão na coluna. Tudo mudou na sua vida...
Cena 3 - M.S. e T.S. raramente sorriem. O lar ficou imenso, silencioso e triste depois que a linda p.s. morreu em acidente de trânsito. da outrora família feliz, unida, e sempre pronta para comemorar a vida, sobrou um casal que busca a todo o momento responder para si próprios onde foi que erraram...
Cena 4 - Se você acha que este texto pertence à ficção, cuidado! você pode estar mal informado. Estas situações ocorrem DIARIAMENTE com pessoas da nossa cidade, vizinhos, parentes nossos até. Tentar manter-se longe desta estatística é tão importante quanto praticar sexo seguro, preparar-se para o futuro baseando-se em cultura e educação, entender e aproveitar oportunidades, e muito mais!
Com 165 mortes por dia no trânsito, cerca de 60.000 em 2006, aumento de 9% em três anos, e primeira causa mortis na faixa etária entre 15-44 anos, o Brasil não tem nada para comemorar. Acrescente a isto o número de óbitos que ocorre depois da primeira hora do acidente e este número aumentará muito. Acrescente a isto os milhares de brasileiros que sobrevivem, mas permanecerão mutilados definitivamente. Acrescente a isto os milhões de horas de trabalho, estudo e lazer que são perdidos durante o longo processo de tratamento e reabilitação. Por fim, e não menos importante, acrescente a isto o stress, a indignação, o sofrimento de quem se envolve num acidente, seja vítima, seja um parente ou amigo próximo. Tsunami, Iraque, genocídios em geral. A mortalidade do trânsito no Brasil possui a mesma magnitude destes nefastos nomes.
A ONU informa que ocorreram 1,2 milhão de óbitos no trânsito em 2004 na terra, e que existem 34 internações hospitalares, 11 sequelas físicas definitivas, 386 atendimentos em emergência, e 1.000 "quase" colisões e atropelamentos PARA CADA ÓBITO. O mundo não tem nada para comemorar.
A MUDANÇA DESTE CENÁRIO PASSA POR CADA UM DE NÓS. Educação (contínua), Ambiente (preservado), e Esforço Legal (aplicar a lei) parece ser a melhor saída, já que em 89% dos acidentes a falha foi essencialmente HUMANA, especificamente descumprindo o código de trânsito. respeitando-o, saberemos que o uso do cinto de segurança no banco da frente e no de trás diminui em 60% os traumas de uma colisão.
Cansado de números? Eu também! Então responda francamente:
1) Conheces o Código de Trânsito?
2) Usas SEMPRE o cinto
3) Não diriges depois de beber "um pouquinho só"?
4) Praticas direção defensiva?
5) Discutes isto com amigos e em casa?
Estas respostas definem chances de você ser um leitor apenas ou passar a ser parte da (aterradora) estatística. Cena 5, 6, 7...
Osvandré Lech - foi o primeiro aluno matriculado no gama Vestibulares, em 1973. Depois foi professor de geografia no Gama. Cursou Medicina. Especializou-se em ortopedia e traumatologia em passo fundo e em alguns dos melhores hospitais do mundo. palestrou nos 5 continentes, escreveu muitos livros, presidiu diversas instituições. é diretor-secretário da Sociedade Brasileira de Ortopedia. Atende a muitos acidentados de trânsito. Gostaria que o número fosse menor. (Colégio Gama. Passo Fundo. Campanha de Conscientização do Trânsito.)