ELE NASCEU EM 1920 EM WADOWICE, INTERIOR DA POLÔNIA POBRE, ANALFABETA E DESTRUÍDA PELA GUERRA. FOI ATOR DE TEATRO E OPERÁRIO DA MINERAÇÃO. Iniciou-se na vida religiosa somente aos 26 anos. Chegou ao papado com 58 anos e se transformou no homem de maior respeitabilidade de todo o mundo no seu tempo.
Ele foi o Papa que mais viajou por todo o mundo, levando a mensagem do entendimento entre os homens.
Ele esteve em 125 países e viajou aproximadamente 1,1 milhão de quilômetros. A expressão "Papa-móvel" servia para identificar o pequeno automóvel em que circulava em meio das multidões e também sua disposição de manter-se continuamente em movimento entre as diferentes culturas, crenças e continentes de todo o mundo.
Ele foi o principal responsável pelo fim dos regimes políticos comunistas. Do outro lado do arco-íris político, ele também foi um contundente crítico do materialismo que domina o estilo de vida dos norte-americanos.
Ele realizou todos os esforços para que o entendimento entre os homens fosse possível - desde pedir desculpas à humanidade pelas atitudes da sua Igreja durante a Segunda Guerra Mundial em prejuízo aos judeus, até afirmar que o Islamismo não deveria ser confundido com terrorismo. Conversou com chefes de Estado cerca de 670 vezes e concedeu mais de um milhão de audiências.
Ele tentou ao máximo estar próximo do cidadão comum. No seu primeiro pronunciamento como Papa ele falou em italiano para a multidão da Praça São Pedro. Antes, porém, pediu desculpas pelos erros de linguagem que cometeria e disse que gostaria de ser corrigido para aprender mais rapidamente aquela nova língua.
Ele conseguiu reverter a crescente perda de interesse pela Igreja Católica observada ao longo dos anos 80.
Ele foi autoritário e manteve-se imutável diante das grandes questões que dividem opiniões entre os católicos contemporâneos, como aborto, homossexualismo, celibato, eutanásia, clonagem, sacerdócio de mulheres, teoria da libertação etc.
Ele deu exemplos contínuos de superação física. Atleta dedicado, praticou esqui na neve, futebol, montanhismo, canoagem, rafting e natação até quase a terceira idade. Recuperou-se com excepcional rapidez do ferimento por arma de fogo, fraturas, ressecções de tumores malignos. Enfrentou o Mal de Parkinson, dificuldades de visão, digestão, respiração, deambulação... Nada parecia impedir aquele polaco da missão a ele destinada. Os seus últimos momentos foram de firmeza e determinação - ao perceber que chegara seu momento final, não permitiu que fosse removido novamente à clínica Gemelli. Como um capitão que não abandona o navio, como um general que não abandona a tropa, ele decidiu esperar pela morte no vaticano, dando seu último exemplo de sintonia com aqueles que faziam vigília por ele logo abaixo de sua janela. Encerrou em 2 de abril de 2005 um papado de 26 anos, cinco meses e 17 dias, o terceiro maior da história. ele foi uma das personalidades mais populares de seu tempo. no rio grande do Sul, tomou chimarrão, usou chapéu de gaúcho e cantarolou com os fiéis: ucho, ucho, ucho, o papa é gaúcho...". Lembrou disso até o final da vida.
Ele é Karol Wojtyla, o papa João Paulo II.
Facta potentiora sunt verbis (os fatos têm mais força do que as palavras). Parte o homem fica o exemplo. A melhor parte do homem. (Revista Somando, Passo Fundo, edição 98, maio 2005)