O IDEALISMO DE WILLIAM RICHARD SCHISLER. O CHEIRINHO DO PÃO-COM-MOLHO DO "SEU" ERVINHO. A INFLEXIBILIDADE DAS ORDENS DO "SEU" KNEIPP no internato. o orgulho em falar do ie pelos diretores Eduardo Gustavo e Adyles Otto em frente ao prédio Dallas, onde os alunos fechavam a Av. Brasil e exercitavam o civismo e o amor à pátria. A dedicação da profa. Lourdes Pithan ao pegar na mão pequenina e auxiliar a escrita das primeiras letras no prédio todo de madeira - que valor teve isto! o entusiasmo do prof. Casquinha (Cláudio Wagner) orientando seus atletas nas memoráveis "batalhas" contra o Conceição, o CENAv e o notre dame no velho ginásio. Que escola de vida! a musicalidade dos festivais da primavera. As eletrizantes apresentações no Salão Nobre, que era o "palco do mundo". A garbosidade das bandas adulta e mirim nos desfiles da Semana da Pátria. A dedicação e seriedade em educar de centenas de professores de várias gerações, dentre eles Luiz Spalding, Letícia Wagner, Thalita Mendonça, Lina da Cunha, Beverly e Ned Walther. O esforço contínuo e altruísta destes professores formou milhares de vencedores para a vida!
O IE é tudo isto. E muito mais, pois estas rápidas impressões pertencem a apenas um dos seus milhares de alunos. Cada personagem teria suas próprias impressões, naturalmente diferentes, sobre o "seu" ie.
O anúncio do fechamento do "Gigante do Boqueirão", embora uma triste surpresa para todos, era, de certa forma, esperado. os "obstáculos econômicos" a que refere a nota emitida pela entidade mantenedora em São Paulo não expressa a extensão dos problemas pelos quais o IE passou nas últimas décadas. Descaso e despreparo para o cargo, além de ausência de envolvimento com a sua história. Isto é o que resume a atuação de várias diretorias da história recente do IE. A falta de visão administrativa moderna, a falta de busca de novos mercados, a falta de entusiasmo para manter-se à frente. Tudo isto serviu para que a credibilidade na instituição fosse diminuindo de forma rápida. a atual diretora Jussara Benck realizou um dinâmico trabalho de revigoramento da instituição. Pena que tenha chegado aqui tarde demais. A justificativa da "implantação de novas escolas, a oferta e a ampliação do número de vagas" em Passo Fundo não é nem ao menos razoável que se mencione, pois outras escolas tradicionais da cidade adaptaram-se aos novos tempos e seguem de portas abertas. para mim, parece que nas últimas décadas o IE não fez o tema de casa, para usar o jargão escolar.
Mens Sana in Corpore Sano - este é o lema Iense. Pena que isto não tenha sido traduzido para o mundo moderno, onde o planejamento, investimento e busca de mercado têm que ser igualmente ágeis, como a mente e o corpo sadios.
Como não basta lamentar-se da sorte, nós, passo-fundenses, devemos nos questionar sobre este "fechamento em cadeia" que se observa na cidade: Z.D.Costi, Pepsi, Menegaz, Cooperativa, Brahma, Gaúcho, 14 de Julho, Quartel do Exército, Burlamaque. Só para citar alguns, sem deixar de lembrar o sem-número de empresas que "quase se instalam por aqui" e aquelas que estão no permanente "fecha-não-fecha". Isto é bom para a cidade? O que isto significa em termos de riqueza circulante? Outras cidades também estão experimentando cenário semelhante? O que podemos fazer como comunidade e/ou instituições?
Perguntas que não querem calar dirigidas a pessoas e órgãos responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento de Passo Fundo.
Se o IE continuar as suas atividades teremos um exemplo de superação. Se encerrar atividades, terá sido um dos gigantes da terra de Fagundes dos Reis. tombou lutando, como convém aos heróis.
Por qualquer um dos caminhos que siga, foi um orgulho ter feito parte da tua história. e tu, da minha. (Jornal O Nacional, out. 2004)