Mais uma novela da rede globo se inicia no horário nobre das 20h30min. Este horário é, para a maioria dos lares brasileiros, o momento da pausa e entretenimento depois de mais uma jornada de trabalho, ou estudos, ou esforços. Pesquisas do setor de marketing demonstram que, independentemente da qualidade da programação, alguns horários são preferidos, especialmente os de almoços e jantar. Esta unanimidade nacional tem múltiplas causas, entre elas:
1) Baixo poder aquisitivo para aspirar outras formas de entretenimento;
2) Limitada escolaridade, o que dificulta uma análise sobre a qualidade da programação oferecida pelas redes de televisão;
c) A globalização da cultura, que encontra na televisão e no cinema os veículos mais rápidos de transmissão. Conhecedores destas cousas e de seus efeitos, as emissoras de televisão implantam um verdadeiro imperialismo cultural em nosso país. Muito pouco é produzido aqui. Quase tudo é importado dos EUA e, pasmem, México. Já se fala de "mexicanização da cultura brasileira!" Não se pode, no entanto, menosprezar os esforços de mostrar a cultura brasileira, seus recantos magníficos, sua gente e seus costumes. Isto tem sido feito, porém de forma tímida ainda. A novela "A Indomada" nos mostra um besteirol em horário nobre com um novo e perigoso ingrediente - a adoção de expressões da língua inglesa ao longo da frase. Fica ali demonstrando que, para chamar a atenção e mostrar modernidade a língua brasileira tem que possuir elementos da língua inglesa. Como é sabido que qualquer modismo é imediatamente assimilado pelos brasileiros, já se observam pessoas incluindo tal palavreado inglês ao seu mal-falado português. Isto é um insulto à nossa cultura. Ao aceitar passivamente esta situação, aceitamos a condição de conquistados, de povo medíocre e sem cultura. Pior, sem qualquer aspiração futura. A língua portuguesa, falada nos 4 cantos deste país-continente, é nosso maior fator de integração nacional. A língua inglesa é, de fato, o principal e mais importante idioma falado e compreendido em todo o planeta. o conhecimento desta língua se torna imprescindível para o sucesso profissional neste final de século. Porém, existem locais apropriados para o seu aprendizado - na escola, em cursos etc. morei três anos nos eua. comprovei que lá o fenômeno é exatamente inverso - é raro que uma expressão não-inglesa "sobreviva" por muito tempo. nada de francês, nada de latim. só inglês. Visitei países que lutam contra a invasão cultural. Na França, Alemanha e Japão são raros os nomes comerciais, camisetas ou moletons, ou expressões em língua estrangeira. Esta vontade de preservação da língua-pátria emerge espontaneamente da própria sociedade. acho oportuno todos nós, brasileiros, que defendemos as coisas brasileiras, lutarmos contra tal invasão cul- tural. Violeta Arraes, reitora da universidade do ceará, diz que "a melhor maneira de enriquecer a modernidade é enriquecer-se com as tradições". Isto deve ser levado em consideração, caso contrário, a expressão "Academia" poderá se transformar em "academy" em breve!... (Crônica publicada no jornal O Nacional, Passo Fundo, 1998)