Para o sexo ser seguro, não basta se proteger das doenças sexualmente transmissíveis.
Também é preciso ter cuidado, dizem os médicos, com as lesões ortopédicas.
Criatividade na relação sexual precisa ter limite, sim. Ao menos na opinião dos ortopedistas, que têm recebido pacientes vítimas do prazer: com entorses, machucados no joelhos e nos cotovelos, torcicolo, lombalgias e até luxações. O médico Osvandré Lech, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), lembra de um caso recente em que um paciente de 30 anos teve de ser operado depois de aparecer no consultório com dores constantes no ombro. No diagnóstico, uma luxação. "Ele se machucou durante o ato sexual, lembra o especialista. E confirma que o assunto ainda é pouco explorado até entre os médicos. "Não me lembro na literatura médica nacional de estudos sobre lesões ortopédicas provocadas durante o sexo", completa.
A carência de trabalhos científicos sobre problemas ortopédicos ocorridos durante o sexo foi apontada pelos ortopedistas durante o 42° Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia - que terminou na semana passada. "Essas lesões são mais comuns do que imaginamos. E elas são abordadas por uma série de estudos fora do País. Alguns desses estudo são até bem detalhados", comenta Lech.
Perigosos:
De acordo com os ortopedistas, há uma lista de locais arriscados para a prática sexual. Evitá-los é um bom jeito de tentar fugir das lesões.
Cãibras frequentes
Entre as lesões mais freqüentes observadas pelos médicos, estão contraturas lombares, torcicolos, entorses e escoriações em joelhos e cotovelos.
"Cãibras também são problemas freqüentes, dependendo da intensidade do exercício e do esforço físico”, dis o ortopedista Gilberto Hiroshi Oharam da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).Os ortopedistas lembras que o ato sexual também é um exercício. “ E, como qualquer outra atividade física, ele pode ocasionar lesões”, observa Lech. Para ele, um jeito de se prevenir dos machucados é evitar alguns locais considerados perigosos para a atividade sexual e apostar, mesmo, no conforto tradicional da cama. “Escadas, chuveiros e sofás podem resultar em torcicolos, dores nas costas e até quedas. São locais que restrigem os movimentos ou podem acabar levando a acidentes”, diz ele.
Constrangimento
Na opinião dos médicos, o problema das lesões sofridas durante o sexo é que muitos pacientes deixam de procurar ajuda por vergonha, agravando os quadros. “ Muitas vezes, o paciente omite ou mente sobre a maneira como se lesionou por puro constrangimento”, afirma Ohara, da Unifesp.
O sexólogo Carmita Abdo, coordenadora do programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP) , diz que é preciso superar a vergonha e procurar o médico sempre que houver dor, incômodo ou qualquer machucado durante o ato sexual. “Sexo, geralmente, é visto como um empecilho para pessoas com dor. A restrição de movimento e o desconforto, inclusive muscular, podem limitar e inibir o desempenho sexual”, conclui.