A diretoria da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT decidiu, por unanimidade, recomendar aos 10 mil associados de todos os Estados brasileiros que não realizem consultas nem cirurgias marcadas pelas empresas de seguro-saúde no dia 7 de abril. A decisão foi tomada em apoio à paralisação por um dia convocada pela Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina, dentre outros, como forma de pressão contra o crescente aviltamento do valor pago pelas consultas médicas.
A convocação é para que "sejam suspensos o atendimento aos planos e seguros de saúde no dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, não se realizando consultas nem outros procedimentos médicos, marcando-se nova data para atender aos pacientes pré-agendados".
Ao anunciar a decisão, o presidente da SBOT, Osvandré Lech, disse que o engajamento da categoria ao movimento "é total e irrestrito e a população entenderá o motivo", pois é inadmissível que desde 2003 os planos de saúde tenham sido autorizados a aumentar em 129% o que cobram de seus segurados, tendo porém aumentado em apenas 44% o valor das consultas médicas.
Para Osvandré, numa especialidade de evolução constante como a Ortopedia, o médico é obrigado a se manter atualizado, a acompanhar a progressiva complexidade tecnológica, a adquirir instrumental aperfeiçoado, a fazer cursos de educação continuada e a participar de congressos, o que implica em despesas que ele não pode assumir se recebe pagamento irrisório.
O especialista afirma que, ao fazer com que o profissional de saúde viva com honorários irrisórios, os seguros-saúde acabam incentivando o profissional a adotar atitudes que fogem dos melhores preceitos éticos, na contramão do juramento hipocrático que todo médico presta ao se comprometer a dedicar sua vida ao tratamento e recuperação do ser humano.
Também ao anunciar a decisão da Diretoria, adotada dia 24 de fevereiro, Osvandré Lech pediu aos ortopedistas que expliquem a seus pacientes e nos locais onde trabalham a difícil situação que o médico vive ao receber um pagamento indigno.
"É preciso que a população tome conhecimento de que numa conta de hospital os honorários médicos são a menor parcela, correspondendo entre 6% e 8% do total". Os ortopedistas deixam bem claro que o movimento do dia 7 é contra as empresas de seguro-saúde e a favor da população. "Tanto é assim, que deixaremos de atender apenas às consultas e procedimentos não eletivos, mas os ortopedistas continuarão a postos e atendendo normalmente nos Prontos Socorros, às emergências e principalmente aos acidentados de trânsito que, no Brasil, correspondem a uma grande parcela dos pacientes da especialidade".