O fracasso absoluto dos "médicos" formados em formados em Cuba, Argentina, México e Bolívia - dos 628 inscritos, 626 foram reprovados no exame realizado em dezembro-, e a manobra anunciada para fazer novo exame com nota de corte mais baixa, levou a SBOT a se manifestar contra essa "facilitação". A SBOT também externou sua solidariedade ao Conselho Federal de Medicina e às outras entidades que firmaram posição contra a revalidação dos diplomas por motivos políticos, sem levar em conta a falta de capacitação desses "formados".
O diretor de Defesa Profissional da SBOT, Robson Azevedo, diz que ainda agora, embalados pela esperança de que a pressão política leve o governo a ceder, grande número de brasileiros que não passaram nos vestibulares de Medicina estão seguindo para a Argentina, onde podem entrar em Faculdades pouco exigentes e para as quais não há vestibular.
Robson lembra que, além de uma delegação da USP ter comprovado em visita a Cuba a inadequação do ensino médico local, ele acompanhou pessoalmente o problema causado há alguns anos em Tocantins, quando médicos cubanos vieram clinicar no Brasil e prestaram maus serviços e deixando inclusive sequelas que até hoje exigem tratamento. "Eles tiveram que voltar a Cuba por decisão judicial", lembra ele.
Para o porta-voz da SBOT, a entidade acompanha preocupada a evolução do problema criado artificialmente. Ele lembra que o Brasil tem até excesso de Faculdades de Medicina, há mais médicos do que seria necessário e a má distribuição dos profissionais decorre da falta de contrato e de condições adequadas para levar o médico a regiões onde falta. A solução é a aprovação de projetos como o que tramita no Congresso, que cria a carreira médica de Estado e define salários adequados para os profissionais que se disponham a militar durante alguns anos em cidades onde ainda não há médicos.
Ainda segundo Robson Azevedo, em todos os países, Estados Unidos e na Comunidade Econômica Européia, para citar dois exemplos, a revalidação de um diploma de Medicina é coisa séria, pressupondo exames e análises acuradas e não há sentido que o Brasil faça uma nivelação por baixo, para atender a "médicos" que fizeram o curso no exterior valendo-se da "quota" que o governo cubano ofereceu para o Partido dos Trabalhadores e até para o Movimento dos Sem Terra.
"A SBOT sempre se posicionou a favor da boa Medicina, da Medicina de Qualidade, tem investido na Educação Continuada, para oferecer um atendimento de alta qualidade à população brasileira", insiste ele, e vai continuar lutando para que a Secretaria de Educação Superior do MEC não cumpra a promessa de "facilitar" a aprovação, baixando a nota de corte para os candidatos que chegam ao Brasil com "diplomas" do exterior.
Para ele, basta ver os anúncios divulgados na Internet, para que se perceba que tipo de candidatos são atraídos por textos que prometem: "Curse Medicina em Cuba, México e na Bolívia, sem vestibular - dicas grátis - facilitamos tudo". O diretor de Qualidade Profissional encerra sua colocação lembrando a reação do então chefe da Divisão de Assuntos Internacionais da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação, Arsênio Becker quando o tema começou a ser discutido. "Ele não se prendeu à capacitação dos formados no exterior", disse, mas afirmou taxativamente: "há razões ideológicas e políticas para validar esses diplomas: o presidente Lula é amigo de Fidel".