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Entrevista para ROT-NEWS

Data: 05/ 11/ 2010
Entrevistado: Dr. Osvandré Lech - Presidente da SBOT 2011
Presidente eleito 2011 da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) * Chefe da Residência Médica do IOT, Passo Fundo, RS * Membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Ortopedia (RBO), do Journal of Shoulder and Elbow Surgery (JSES), da Ortopedia e Traumatologia Ilustrada e do Actualidad en Cirugía de Hombro y Codo, * Sócio-Fundador e Ex-Presidente das Sociedades Brasileira (1994) e Sul-Americana (1998) de Ombro e Cotovelo * Secretário do International Board of Shoulder and Elbow Surgeons (IBSES, 2010-2019) * Presidente da SBOT-RS (2000-2001) * Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (2001) * Presidente da CEC-SBOT (2003) * Presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da SBOT (2006) * Co-Presidente da 10ª Conferência Internacional de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (2007) * Presidente do 40º CBOTchê, (2008) * Membro das Academias Passofundense de Letras e de Medicina * Autor e colaborador em mais de 65 livros * Proferiu mais de 1.100 palestras nos 5 continentes.


Quais as expectativas para presidir a SBOT em 2011?
Sou membro da SBOT desde 1982, quando passei a colaborar através de intensa produção científica e institucional nas especialidades de mão e depois ombro. Foi somente em 2002 que passei a conhecer melhor a instituição. O aprendizado com os ex-presidentes foi fundamental para que eu pudesse "enxergar a SBOT com olhos mais experientes", onde se destaca o convívio com Camanho, Franco, Albertoni, Musafir, e Tarcísio, onde pude expressar o meu ponto-de-vista e executar ações planejadas por estes diretores. Conhecer de perto o corpo de colaboradores da SBOT foi também essencial. Dediquei 2008 à organização do 40 CBOTchê, ocorrido em Porto Alegre, com espetaculares resultados para a SBOT . Nos últimos dois anos atuei como vice-presidente do Krause e do Santili. Estes quase 10 anos de convívio contínuo com o dia-a-dia da SBOT me permitiram conhecer as suas grandezas e, acima de tudo, suas fraquezas. Em 2011 caberá à diretoria eleita (Jorge dos Santos Silva, Marcelo Mercadante, Ney Pecegueiro do Amaral, Adalberto Visco, Reynaldo Jesus-Garcia, os dois vice-presidentes Geraldo Motta e Flávio Faloppa, e eu ), comissões permanentes e transitórias, comitês de especialidades, serviços de residência, regionais, e grupo de colaboradores, conduzir os destinos da SBOT. O nosso passado é digno e engrandecedor e deve ser elogiado. Olhar para o presente e futuro, no entanto, é a missão dos gestores eleitos. Isto será feito diuturnamente. Não haverá assunto postergado. Todos eles são importantes. Várias pesquisas de opinião já sinalizaram o caminho: 1) dignidade profissional, leia-se melhor ganho salarial em todas as esferas a partir da tabela do SUS, tabela CBHPM; 2) Ética na relação com a indústria; 3) melhor logística entre os diversos níveis da nossa estrutura (sede / comissões / comitês de especialidade / regionais / serviços); 4) retorno do programa de educação continuada on-line; 5) transferência do escritório central para sede mais adequada, que acomode as necessidades administrativas desta sociedade que ultrapassará este ano os 10.000 membros; 6) total transparência das ações da diretoria e abundante informação aos associados. A plataforma de ações é extensa, acredite! O cenário é desafiador, mas vejo-o com tranquilidade.

O CBOT, agora em sua 42ª edição, tornou-se um dos maiores congressos ortopédicos do mundo. Qual a importância da SBOT neste processo?
A organização de um CBOT é uma operação gigantesca, menor apenas que o da AAOS e a maior atividade do ano na nossa instituição. Entendo que ele deveria ser administrado TOTALMENTE pela SBOT. Estamos caminhando para isto. Paulo Lobo deve ser elogiado pelo congresso recém-findo. Osmar Avanzi e sua equipe já possuem o próximo congresso totalmente estruturado.

Como pensa que será o futuro da Sociedade?

A SBOT desenvolve um Fórum de Gestão Estratégica todos os anos. Lá, os líderes de cada área decidem os próximos passos baseado nos resultados obtidos até o momento. Isto, associado com o perfil da gestão, tem demonstrado os caminhos a serem seguidos. Foi assim que a CET, CEC, e Defesa Profissional, e mais recentemente a Comissão de Integração das Regionais, e a área do marketing têm realizado tantas ações positivas. Observo que estes são os desafios atuais:

a) Dignidade Profissional, leia-se melhores salários, melhor tabela do SUS e CBHPM, melhor aparelhamento dos sucateados hospitais públicos. A carreira de médico, como a de juiz e delegado por exemplo, resolveria o problema de falta de médicos em pequenas cidades. Restabelecer a ética na relação entre o médico e a indústria. Coibir o desrespeito ao paciente pela demora na liberação de procedimentos pelas prestadoras de serviço. Menciono apenas sete ítens de uma agenda de dezenas de outros igualmente importantes.

b) Maior participação do ortopedista no dia-a-dia da SBOT - a conquista destes parceiros é responsabilidade das diretorias através de ações simples como apresentar a contabilidade, informar decisões para todos os níveis de associados, buscar opiniões via site para grandes decisões. Enfim, todos nós conhecemos a democracia. Precisamos insistir na sua prática.

c) Melhor visibilidade do ortopedista pela sociedade - o conhecimento de novas técnicas e tratamentos amplia o nosso campo de trabalho e respeitabilidade. O cidadão precisa ser informado através de linguagem acessível.

d) Manutenção dos padrões de ensino, treinamento e educação continuada - As ações da CET e da CEC são modelo para a medicina brasileira e internacional. Manter e melhorar estes padrões exige investimento e disponibilidade de muitos.

e) Representatividade Internacional - Ultrapassando os 10.000 membros, a SBOT se consolida como uma das maiores do mundo. Torná-la uma das mais influentes é outra coisa... Isto dependerá de publicação de qualidade no cenário internacional. E aí está um dos gargalos, pois ainda escrevemos muito pouco na língua inglesa e nossas revistas científicas têm baixo impacto, o que impede que outros autores citem nossos trabalhos.


Além de ser uma referência na ortopedia brasileira o Sr. é escritor e historiador reconhecido por todos. Qual é o segredo de tanta produtividade?
Não é tanto assim... Tenho uma vida regrada e uma família que apóia e vibra com a minha atividade. Meus colegas do setor de membro superior do IOT (Severo, Piluski e Marcelo) compartilham dos mesmos interesses. Acredito no trabalho em equipe. Por fim, existe muita vibração no que faço.

Um recado final.
Cumprimento os colegas da SBOT-RJ. Sou muito grato ao Franco e ao Musafir pelos contínuos convites para palestrar no ORTRA. Aprendi muito com o Donato D`Ângelo. Tenho muitos amigos fraternos aí. A ortopedia carioca é uma fábrica de bons líderes.




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