Entrevistado: Dr. Osvandré Lech - Presidente da SBOT 2011
- O Brasil pode explorar melhor este segmento da medicina e também da economia?
sem dúvida, pois este é um diferencial que pode ser explorado. A Índia é um exemplo disto. O Brasil tem muito para oferecer neste segmento e já temos as bases bem estruturadas. Precisamos agora um plano de gestão, trabalho em equipe. Andorinha sozinha não faz verão neste cenário. Redundâncias à parte, a Copa e a Olimpíada serão grandes cartões de visita. Inclusive para o turismo médico.
- Além de pacientes vindos de outros países, você também recebe pacientes oriundos de outras regiões do Brasil? Eles chegam pelo mesmo motivo do paciente estrangeiro?
A ortopedia praticada em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, é um case a parte; baseado em sólidos conceitos científicos e com vocação para o ensino e publicação especializada, nos tornamos conhecidos em todo o país. Os próprios colegas ortopedistas indicam pacientes. Daí o sistema se auto-alimenta.
- Quais são as semelhanças e as diferenças com o paciente brasileiro ?
O início da relação é de desconhecimento, dúvida. Depois que se estabelece uma boa relação médico-paciente, passa a existir a confiança. Ao final do tratamento, ao receber a hospitalidade e carinho típicos do brasileiro, a sensação é de real deslumbramento, felicidade.
- Como se preparar para receber bem esse paciente?
O preparo de protocolos é a chave do sucesso. Isto vai desde condutas médicas até os recursos humanos. Não podemos agir de forma "melhorada" com o paciente estrangeiro; todos eles, vindos de perto ou de longe, merecem o mesmo atendimento qualificado . O treinamento das equipes é o ponto-chave desta fase. Um dos livros de cabeçeira de qualquer administrador de hospital ou clínica é aquele que ensina a praticar um padrão de atendimento semelhante ao dos parques temáticos de Orlando - tudo limpo, eficiente, rápido, com atmosfera de felicidade e, se possível, economicamente acessível ao maior número de pessoas.
- Quais os principais procedimentos buscados pelo paciente estrangeiro em seu atendimento?
ortopedia especializada nas áreas do ombro, joelho, e coluna. o cenário é de expansão.
- Como o paciente estrangeiro chega até o seu atendimento? De quais países predominam seus pacientes?
No nosso caso através dos estagiários internacionais (fellows), que vivenciam o bom atendimento e depois difundem isto, chegando a encaminhar casos especiais. Recebemos pacientes de vários países da América do Sul.
- Por que esse paciente resolve sair de seu país para se tratar no Brasil?
São várias razões:
1) em 90% das vezes se deve a questão econômica. Praticamos uma medicina baratíssima em relação ao dito primeiro mundo;
2) os hospitais podem solicitar avaliação de organismos internacionais (Joint Commission é um deles), daí as operadoras de saúde internacionais identificam que "aquele hospital naquele país" tem bom padrão de atendimento e cobra muito mais barato , passando a encaminhar pacientes;
3) a crescente quantidade de publicações internacionais - o Brasil está no 13 lugar no mundo, há 10 anos não éramos sequer rankeados ! - criou o conceito de que os médicos brasileiros são qualificados. A cirurgia plástica, ortodontia, e mais recentemente a ortopedia gozam de grande conceito no exterior.
- Como você enxerga o movimento crescente do Turismo Médico no Brasil?
É uma consequência da qualidade da medicina praticada atualmente no país. Médicos em particular e a medicina privada em geral sempre investiram em formação técnica de vanguarda e tecnologia de ponta. Estamos buscando sempre o melhor para nossos pacientes.